domingo, 13 de agosto de 2017

Dramatização - Como elaborar o roteiro

Como Escrever um Roteiro de Teatro?
Uma maneira de obter ideias para o roteiro é começar com um bom personagem. Como é seu roteiro?
Seu personagem pode ser baseado em uma combinação de pessoas reais que o escritor conhece.
Outra boa estratégia é observar as pessoas em seus momentos diários.
Inventar vida para as pessoas que se vê nos supermercados, nos shoppings. Que nome o escritor acha que eles podem ter? Quais os tipos de casas e empregos que o escritor imagina para as pessoas? O que ele acha qual será o problema mais urgente que cada pessoa terá de lidar de acordo com os perfis dos seus personagens?

Decidindo Sobre um Conflito
O roteiro deve ter um conflito. Dê ao personagem um grande problema que ele ou ela terá que resolver imediatamente.
Por quê? Por que criar problemas? Por que não podemos deixar o personagem em paz? Se tudo fosse perfeito na vida de seu personagem, então nada terá que acontecer.
A felicidade é muito boa para a experiência, mas aborrece quem está assistindo uma peça de teatro. Há uma razão pela qual “felizes para sempre” vem no final da história.
Escrever uma peça corresponde a escrever o Roteiro, ou Script, para a representação teatral de uma história. O Roteiro contém tudo que é dito pelos atores no palco, e as indicações para tudo que deve ser feito para que a representação seja realizada. O modelo gráfico do roteiro varia. O apresentado abaixo é apenas um formato, entre vários que o dramaturgo poderá escolher.
A peça de Teatro divide-se em Atos e Cenas. Os Atos se constituem de uma série de cenas interligadas por uma subdivisão temática. As cenas se dividem conforme as alterações no número de personagens em ação: quando entra ou sai do palco um ator. O cerne ou medula de uma peça são os diálogos entre os personagens. Porém, o Roteiro contém mais que isto: através das Rubricas e das Indicações ele traz as determinações indispensáveis para a realização do drama e assim orienta os atores e a equipe técnica sobre cada cena da representação.
As Rubricas (também chamadas “Indicações de cena” e "indicações de regência") descrevem o que acontece em cena; dizem se a cena é interior ou exterior, se é dia ou noite, e o local em que transcorre. Interessam principalmente à equipe técnica. Apesar de consideradas como “para-texto” ou “texto secundário”, são de importância próxima à do próprio diálogo da peça, uma vez que este normalmente é insuficiente para indicar todas as ações e sentimentos a serem executados e expressos pelos atores.
Ao fazer as Indicações Cênicas ou Rubricas o dramaturgo (o Autor) interfere na arte de dirigir do Diretor de Cena e também enquadra a interpretação dos atores (seus gestos, expressão de sentimentos, etc.) sem respeitar sua arte de interpretar. Por essa razão deve limitar-se a fazer as indicações mínimas requeridas para o rumo geral que deseja dar à representação, as quais, como autor da peça, lhe cabe determinar.
As falas são alinhadas na margem esquerda da folha. Cada fala é antecedida pelo nome do personagem que vai proferi-la, em letras maiúsculas (caixa alta), e seguido de dois pontos. O nome pode estar na mesma linha, porém é preferível que fique acima da linha da fala e das rubricas que lhe pertencem, como no exemplo abaixo.
As palavras precisam ser impressas com nitidez e ser corretamente redigidas. Usa-se em geral a letra Courier no tamanho 12. Entre a fala de um e de outro personagem é deixado um espaço duplo. Os verbos estarão sempre no tempo presente, e a ordem das palavras deve corresponder à sequência das ações indicadas.

Resumindo:
 
  • ATOS e CENAS em maiúsculas normais.
  • Indicações sempre em minúsculas e itálico.
  • Indicações gerais de ATO e de CENA (envolvendo mais de um ator) entre colchetes, em minúsculas, em itálico e parágrafos justificados e estreitos, alinhados ao recuo esquerdo;
  • indicações ao Ator, após seu nome em uma indicação que já está entre colchetes, ou entre parênteses após seu nome na chamada, ou inseridas entre parênteses em sua fala, Indicações ao Ator que são muito longas, melhor coloca-las como indicações gerais, entre colchetes.
  • nome dos atores em Maiúsculas normais, centralizados, primeiro como chamada conjunta para uma cena e individualmente na indicação de fala, e em minúscula nas falas em que são citados por outros)´.
  • Apenas as falas são em parágrafos de letras normais e alinhados à margem esquerda.

Um exemplo:

(Na primeira página o título da peça, o nome do autor, endereço e ano)

O MISTERIOSO DR. MACHADO
por..........
(cidade, estado)
(ano)



(Na segunda página, todos os personagens da peça) PERSONAGENS
Frederico Torres, vereador.
Aninha, secretária de Frederico.
Dona Magnólia, viúva ainda jovem, mãe de Aninha.
Machado, médico, irmão de Dona Magnólia.
Sinval, motorista de Machado.
Vicente, amigo da família.

(Macro rubrica) ÉPOCA: primeira metade do século XX; LUGAR DO DRAMA: Rio de Janeiro



(Na terceira página, a macro rubrica)
PRIMEIRO ATO
[Casa de família da classe média. Sala de estar com sofá, abajur, consoles e outros móveis e apetrechos próprios. Uma saída à esquerda dá para o corredor. À direita, a porta principal de entrada da casa. É noite. (Macrorubrica)]

CENA I
(Dona Magnólia, Aninha) 
[Dona Magnólia, recostada no sofá, lê um livro. (Rubrica objetiva)]

ANINHA
 [Entra na sala (Rubrica objetiva)]
Olá, mãe.

DONA MAGNÓLIA:
[Levanta-se do sofá, tem numa das mãos o livro que lia (Rubrica objetiva). Surpresa: (Rubrica subjetiva)]

O que aconteceu? Você nunca volta do trabalho tão tarde!

ANINHA
[Mantem-se afastada da mãe, a poucos passos da porta. (Rubrica objetiva)]

Na volta  passei na Capela da Glória. Eu precisava refletir... (Desalentada:  (Rubrica subjetiva)) Mas não adiantou muito. Meus problemas são de fato problemas!

*
(Muda a Cena devido à entrada de mais um personagem)

CENA II
(Dona Magnólia, Aninha, Sinval)

SINVAL
[Parado à entrada do corredor, tosse discretamente para assinalar sua presença. As duas mulheres    voltam-se para ele (Rubrica objetiva)]

Dona Magnólia, eu vou buscar Dr. Machado. Está na hora dele fechar o consultório. 

ANINHA
[Num ímpeto: (Rubrica subjetiva)]

Não, Sinval. Hoje eu vou buscar meu tio. Vou no meu carro. Tenho um assunto para conversar com ele na volta para casa. 

SINVAL
[Embaraçado: (Rubrica subjetiva)]

Dona Ana... Às quintas-feiras ele não vem direto para casa... Eu é que devo ir. Ele voltará muito tarde.

DONA MAGNÓLIA
[Volta-se e lança o livro sobre o sofá (Rubrica objetiva); dirige-se autoritariamente a Sinval (Rubrica subjetiva)]

Diga-me, Sinval: o que meu irmão faz nas noites de quinta feira? Quando  pergunto a ele, sempre me vem com evasivas. Diga-me você.

Quando a fala de um personagem tem uma ou um conjunto de palavras a serem pronunciadas com ênfase, usa-se o itálico para assinalar essa ênfase. Exemplo:
                               



ANINHA
Mas não adiantou muito. Meus problemas são de fato problemas!




Como iniciar o drama? É uma boa ideia iniciar a partir de um detalhe dinâmico da história, deixando para o espectador imaginar o que possa ter ocorrido antes a partir dos diálogos iniciais que ele ouve. Não há ação dramática sem conflito. O tema de todo drama é, como visto, um confronto de vontades humanas. O objeto da peça não é tanto expor personagens mas também contrastá-las. Pessoas de variadas opiniões e propensões opostas chegam ao corpo a corpo em uma luta que vitalmente importa para elas, e a tensão da luta será aumentada se a diferença entre as personagens é marcante. Se a cena inicial é uma discussão entre um fiscal e um comerciante devedor dos impostos, logo os espectadores tiram várias conclusões sobre a situação dos dois protagonistas. 

Concepção dos personagens. O personagem será como um amigo ou um inimigo para o dramaturgo, e ele escreverá a seu respeito com conhecimento de causa, como se falasse de alguém que conhecesse intimamente. Embora na peça ele explore apenas alguma faceta em particular do caráter dessa figura imaginária, ele a concebe como um tipo completo, e sabe como ele se comportaria em cada situação da história a ser contada. Por exemplo: uma mulher devotada à religião e à sua igreja, que coisas ela aprova e quais outras reprova no comportamento das demais pessoas? Um indivíduo avarento, como age com os amigos e com que se preocupa em cada diferente situação do convívio social? Como reconhecer um escroque antes mesmo dele abrir a boca? Tudo isto requer muita observação relativa a como as pessoas revelam sua personalidade e o lado fraco ou forte de seu caráter. Com essa experiência de observação será fácil para o autor da peça construir seus personagens e montar em torno deles uma história de conflitos, concorrência, competição desonesta ou cooperação fraterna, e por aí desenvolver um drama que poderá ser ao mesmo tempo interessante e educativo.
Tudo no personagem precisa ser congruente, para que ao final algo surpreenda o espectador. Suas roupas, onde mora, suas preferências, seus recursos financeiros, sua facilidade ou dificuldade em fazer amigos, suas preocupações morais, se lê ou não livros e jornais, que diversões prefere ou se pratica ou não esporte, tudo isto deve concorrer em um personagem autêntico, sem contradições. Muito já se escreveu sobre pobres se tornarem ricos, e ricos ficarem pobres, e também sobre ateus convertidos, ou almas boas que se deixam levar ao crime, mas a novidade em cada história será a tragédia envolvida nessa transformação, que leva alguém a um gesto que antes não se poderia esperar dele.
Personagens que têm uma motivação forte e cujas ações se dirigem sempre com objetividade no sentido do que buscam, sem medir os riscos, sempre são os personagens mais interessantes, mas esse empenho forte se torna, muitas vezes, seu lado fraco e vulnerável. Justamente uma ação que vai contra a inteireza de um tipo pode se transformar em um ponto alto na história, como seria o caso de um sovina que, depois de receber uma lição da vida, se comove com a situação de alguém e lhe dá um presente de valor. É quando o personagem quebra sua inteireza, antes bastante enfatizada, que surge um grande momento na peça.
O dramaturgo precisa, no entanto, resumir ao mínimo as características de seus personagens, porque será sempre mais difícil encontrar aquele ator que assuma a personalidade ideal por ele criada, e possa bem representá-la, e ainda preencher sua descrição de um tipo físico quanto à altura, peso, cor da pele, que seja corcunda ou coxo, tenha cabelo crespo ou liso, etc. Por isto, quanto ao físico, deve indicar somente características indispensáveis para compor um tipo, sem exigir muito nesse aspecto. A equipe técnica poderá completar a caracterização com os recursos disponíveis, seguindo a orientação do Diretor de Cena. Ela poderá inclusive preparar o mesmo ator para representar mais de um papel, se a caracterização for simples e a troca de vestimentas e demais caracterizações puderem ser feitas sem demasiado esforço e em tempo muito curto.
Ao escrever a peça, o dramaturgo deve dar a cada personagem um quinhão significativo de atuação, porém na proporção da importância do seu papel, e fazer com que cada um deles tenha algo por que lutar, algo que precisa alcançar. Deve pensar no entrelaçamento de todos os interesses entre si, e nos conflitos resultantes, e as consequências para os que vencerem e os que fracassarem. 

Inspiração. A peça tem sua ideia central, relativa a um tema; seu título e todas as cenas devem guardar uma relação clara e objetiva com essa ideia. O interesse intelectual não é suficiente para fazer uma peça boa de se ver. O público quer passar por emoções de simpatia e também de autoestima (opinar sobre o que assiste). A plateia procura, imóvel e estática, entender a mensagem de uma peça sofisticada, e ao final da representação está cansada, enquanto que, se ela desperta emoções, será, no mínimo,  uma peça interessante. 

Recursos a evitar. Fazer um número grande de cenas curtas, fazer a história saltar vários anos para frente, ou fazer uso do recurso de flash back, isto cria confusão e irritação nos espectadores. Outros recursos que se deve evitar são: criar personagens invisíveis, que são descritos em minúcias mas que nunca aparecem no palco. Também prejudica o interesse da Plateia aquelas cenas em que um personagem deixa o palco e volta trazendo algum recado ou conta uma novidade.

Final Feliz. Conceber um final para uma história pode ser a parte mais difícil do trabalho criativo. Um final precisa corresponder ao fechamento lógico do drama desenvolvido nas cenas antecedentes. Não pode ser a solução de conflitos colocados apenas nas últimas cenas, nem a solução para os conflitos colocados no início, deixando-se de lado as complicações que se seguiram. O final feliz precisa ser crível, aceitável para os espectadores como a melhor opção, ou como desfecho claro e compreensível que satisfaz de modo inteligente ao suspense, traz o alívio que dissipa as tensões do clímax, e espalha um sentimento de compensação plena na plateia.

 Certifique-se de não ter escrito demais. Roteiros normalmente duram cerca de um minuto por página, ainda que haja algum espaço para se exceder. Roteiros não são como livros, em que a contagem de palavras é um jeito definitivo de determinar a extensão da obra. Tome cuidado.

Bom Trabalho! 

Fonte: http://modeloatoratriz.com.br/como-criar-um-roteiro-de-teatro/ 
           http://www.cobra.pages.nom.br/ecp-teatroscript.html
           http://pt.wikihow.com/Escrever-um-Roteiro
           modelosprontos.com/wp-content/uploads/2015/06/nomes_roteiro_de_teatro.doc

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